{inspired by me}
Friday, December 07, 2007

{devaneios}






Perdoa-me se me vês feia. Esta sou eu, o que o meu corpo mostra. Não sou perfeita, não porque não enquadro nos teus padrões de beleza, mas porque sou humana. Nasci imperfeita e, por mais máscaras que use, serei sempre imperfeita.

Perdoa-me se não sou tua. Cheguei tarde onde alguém já ocupa o teu coração.

Perdoa-me se não me ouves. Eu sussurro, na ânsia de que me oiças, mas mais não consigo, que me faltam forças. Gostaria de soprar-te ao ouvido, mas estás longe, tão longe, mesmo quando te sentas ao meu lado.

Perdoa-me se penso em ti. São horas e horas gastas a ouvir-te nos meus sonhos e nunca te toco para lá desses devaneios loucos. Oxalá acordes a meu lado amanhã.

Perdoa-me se não me irás ler nunca. Escrevo para ti, mas não me importo.

Perdoa-me, apenas.



4 de Dezembro de 2007



11:59 AMwhispered by me

Wednesday, December 05, 2007

{gritos na noite}

Sei de tudo! Que tens medo de te afirmar e tremes a caneta. Gritas em surdina; tens o mundo preso na garganta. Eu suspiro. Sussurro-te ao ouvido:
- O que sucede agora?
A história... está desenhada no cérebro e ele trabalha sem escrúpulos. Vomita ideias e tu queres agarrá-las. Ideias aqui, ali, acolá. Ideias, ideias, ideias.
- Calma, peço-te. Calma. Tens uma voz dentro de ti a querer falar, abre os lábios e deixa-as sumir para o papel.
Árduo, esse trabalho de exprimir as ideias pegajosas, entranhadas nos miolos, suspiras. E o espelho devolve-te um cadáver amorfo, o teu espectro criativo anorético e de pele rasgada... És tu desgastado, com fome de inspiração, de energia...
E a Lua vai alta e ri-se de ti. Ela vê-te, sabe-te de cor. Conhece-te dessas longas noites de batalha introspectiva. Tu contra o mundo das ideias; o mundo das ideias contra ti. Puro devaneio sem sangue, mas com suor q.b.
- Psiu, chama ela. Psiu! Queres ajuda?
Devolves-lhe um esboço do sorriso mágico que reservas para os que guardas na gaveta. Ela torna a rir-se e tu estás incomodado.
-Por acaso preciso, anuncias tu. Ah, maldita, fez-te pedir-lhe ajuda. O ego arde dentro de ti. Maldita, maldita!
- Não te ajudo, goza-te ela. Tu tens tudo em ti!
Onde, onde?
- Dentro de ti, algures. Estou a ver, estou a ver! Aí, aí!
Aqui onde?
- Dentro desse teu corpo que desvalorizas nas horas mortas. Que tal não adormeceres quando sou rainha? Que tal seres rei aqui e comigo? Que tal tentares voar?
Nunca te ensinaram a voar...
- E quem ensinou todos os outros a voar? A Lua solta gargalhadas sem eco. Repete-se: quem os ensinou a voar? Vá, não é charada nenhuma, é pura retórica!
Não sabes nem queres responder. A Lua desaparece no horizonte e tens a folha em branco. Sorris. As ideias estão a desarrumar-te o quarto, divertidas.
- Usa-nos, usa-nos!
E se a ideia ganhar vida? Escreves no papel. E se eu lhe sentir o pulso, a respiração, o perfume? Acrescentas. E a ideia senta-se ao pé de ti e diz-te:
- Usas-me?
Está a crescer. A crescer nessas linhas tortas azuis que desenhas cada vez mais vigorosamente, de língua entalada nos dentes. Nasce vida e saíu-te das mãos. És um deus improvisado e efémero, mas não te importa, porque teve o sabor mais intenso e viciante que alguma vez provaste.

30 de Maio de 2007



4:07 PMwhispered by me

Tuesday, December 04, 2007

{insónias}


Tenho comichões à noite. Comichões na alma. Dou voltas na cama, procurando consolo no sono, que perdeu, novamente, a boleia da brisa lunar. De olhos fechados tento sonhar. Voar, voar alto, e sentir o que este mundo azul não deixa. Eu tento. Em vão. As comichões persistem, torturam-me, lépidas. Espremem de mim todas as memórias que esqueci durante o dia. Gritam, soltam gargalhadas que ecoam nas paredes do cérebro quebrado. "Sophia!, não te esqueças. Sophia!" São maiores do que eu e tenho medo. Anda, sono, anda cá e aconchega-me, sussurro. "Sophia!" E elas gritam e saem pela janela. Encendeiam-me a retina, dançando sem pudor. Seguram-me pelos dedos e sugam-me a comichão. Coçam. Coçam. Coçam e eu sangro. Dor. Maldita dor que me embalas. Passo a noite debatendo-me com as vozes da minha cabeça.
E o sono esqueceu-se de chegar.


10 de Abril de 2007



7:38 AMwhispered by me

{fairy}

alter.ego
tenho uma obsessão pela Lua, pela morte, pela escuridão.
gosto de sorrir, de chorar, de sentir. gosto da chuva, da água, do mar. gosto do frio do inverno, da textura do vento em finais de tarde de verão. gosto de sorvetes de morango e manga e canela e chocolate. gosto dos tons do céu no pôr-do-sol. gosto da areia fria e macia sob os pés. gosto de contar as estrelas. gosto do cheiro do incenso, dos perfumes, dos livros, das revistas acabadas de comprar, da natureza. gosto do caos, do fatalismo, do apocalipse.
gostava de ser transparente para viajar para todo o lado e nenhum em concreto. gostava de poder voar. gostava de mudar o mundo.
acredito em fadas e em bruxas. tenho medo das alturas. tenho medo de não conseguir. tenho medo que não gostem de mim.
detesto o cheiro do sangue, do óleo seco na frigideira, do vomitado. detesto comer e ver desgraças na tv. detesto injustiça injustificada, violadores, pedófilos, hipocrisia, cobardia, abuso da força. detesto o sentimento de inércia, de tédio, de preguiça, de moleza. detesto palavras secas, baças, frias. sou pequena, mas o mundo é ainda mais...



{inspiration}


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