{inspired by me}
Tuesday, May 13, 2008

{alma dixit}


by Masaaki Toyoura



Se te amo é porque não sei. Nado nestas dúvidas constantes, sem margem à vista, sem solo firme onde pousar os pés descalços. Amo-te - e é palavra que não uso - e amo-te em vão, porque há muito que deixou de ser recíproco. Terá sido, alguma vez? (Sussurra-me ao ouvido).E agora a culpa é meramente minha, porque fujo de ti quando estás próximo. Fujo de ti porque de ti tenho medo. É isto que sou, uma cobarde com medo de ti, mesmo que te ame. E amar-te é viver assim, cheia de medo.



3:44 PMwhispered by me

Sunday, March 23, 2008

{doce Lua}





Doce Lua transparente
desenha-me aos olhos
a lividez da tua mente.
Para mim te despes sem escrúpulos oh, pudor!
Não sei se é crime, não sei se é amor.
Crua doce Lua, no teu níveo regaço,
que escondes de mim?
E mais perguntas não faço!



2:04 PMwhispered by me

Tuesday, March 18, 2008

{em vão}







Falo de coisas que não sei. Digo-as com frequência. Sou mais uma entre muitos que as largam sem escrúpulos. Dizem só por dizer. Por vezes são tão convincentes no que falam que sou tão crente quanto eles. Quase sinto uma ténue verdade submergir das palavras que oiço. No entanto, será mais verdade do que a ignorância que as rodeia, que as aperta, que as encurrala, qual muro invisível que começa a fazer-me alguma sombra? Sei lá eu!
Só sei que não sei o que digo. Muitas vezes. E não estou sozinha. Digo por dizer. Eles também dizem. Falam do que pouco ou nada conhecem. E eu também. Palavras em vão.

27 Fevereiro 2008



3:04 PMwhispered by me


{nego}




picture by Masaaki Toyoura



Nego-te o prazer do toque mudo
Nego-te o silêncio das palavras ocas
Nego-te o sabor de tempero azedo
Dos lábios que te fizeram seus

Nego-te o aroma do corpo hirto
Inerte longe de ti e dos teus dedos
Nego-te o olhar que me deves
E que em mim pousa sem pudor

Nego-te um mundo apertado que não te serve
Nego-te horas doces que provaste sem apetite
Nego-te, apenas

4 Março 2008



12:41 PMwhispered by me

Monday, January 28, 2008

{divagação}




Porque não existo nas tuas horas quentes, morro afogada. É tortura silenciar-me enquanto te vigio, enquanto te mantenho cativo sob este meu tímido olhar cobarde. Passas abstraído - embora te julgue meio apaixonado... Mas é deste mundo de ilusões que me quero evadir. Elas são rudes, chocalham-me sem dó. E pisam-me a alma no fim. Tenho medo, uma vez mais, de cair no buraco errado e ficar às escuras de novo.

Mas és tão maravilhosamente doce, tão encantadoramente tímido, que receio que nunca tenhas a coragem para me sorrires... E será que, lá no fundo, somos mais iguais do que os nossos olhos veêm?

Tenho-te cá dentro.


14 de Maio de 2007



2:39 PMwhispered by me

Friday, December 07, 2007

{devaneios}






Perdoa-me se me vês feia. Esta sou eu, o que o meu corpo mostra. Não sou perfeita, não porque não enquadro nos teus padrões de beleza, mas porque sou humana. Nasci imperfeita e, por mais máscaras que use, serei sempre imperfeita.

Perdoa-me se não sou tua. Cheguei tarde onde alguém já ocupa o teu coração.

Perdoa-me se não me ouves. Eu sussurro, na ânsia de que me oiças, mas mais não consigo, que me faltam forças. Gostaria de soprar-te ao ouvido, mas estás longe, tão longe, mesmo quando te sentas ao meu lado.

Perdoa-me se penso em ti. São horas e horas gastas a ouvir-te nos meus sonhos e nunca te toco para lá desses devaneios loucos. Oxalá acordes a meu lado amanhã.

Perdoa-me se não me irás ler nunca. Escrevo para ti, mas não me importo.

Perdoa-me, apenas.



4 de Dezembro de 2007



11:59 AMwhispered by me

Wednesday, December 05, 2007

{gritos na noite}

Sei de tudo! Que tens medo de te afirmar e tremes a caneta. Gritas em surdina; tens o mundo preso na garganta. Eu suspiro. Sussurro-te ao ouvido:
- O que sucede agora?
A história... está desenhada no cérebro e ele trabalha sem escrúpulos. Vomita ideias e tu queres agarrá-las. Ideias aqui, ali, acolá. Ideias, ideias, ideias.
- Calma, peço-te. Calma. Tens uma voz dentro de ti a querer falar, abre os lábios e deixa-as sumir para o papel.
Árduo, esse trabalho de exprimir as ideias pegajosas, entranhadas nos miolos, suspiras. E o espelho devolve-te um cadáver amorfo, o teu espectro criativo anorético e de pele rasgada... És tu desgastado, com fome de inspiração, de energia...
E a Lua vai alta e ri-se de ti. Ela vê-te, sabe-te de cor. Conhece-te dessas longas noites de batalha introspectiva. Tu contra o mundo das ideias; o mundo das ideias contra ti. Puro devaneio sem sangue, mas com suor q.b.
- Psiu, chama ela. Psiu! Queres ajuda?
Devolves-lhe um esboço do sorriso mágico que reservas para os que guardas na gaveta. Ela torna a rir-se e tu estás incomodado.
-Por acaso preciso, anuncias tu. Ah, maldita, fez-te pedir-lhe ajuda. O ego arde dentro de ti. Maldita, maldita!
- Não te ajudo, goza-te ela. Tu tens tudo em ti!
Onde, onde?
- Dentro de ti, algures. Estou a ver, estou a ver! Aí, aí!
Aqui onde?
- Dentro desse teu corpo que desvalorizas nas horas mortas. Que tal não adormeceres quando sou rainha? Que tal seres rei aqui e comigo? Que tal tentares voar?
Nunca te ensinaram a voar...
- E quem ensinou todos os outros a voar? A Lua solta gargalhadas sem eco. Repete-se: quem os ensinou a voar? Vá, não é charada nenhuma, é pura retórica!
Não sabes nem queres responder. A Lua desaparece no horizonte e tens a folha em branco. Sorris. As ideias estão a desarrumar-te o quarto, divertidas.
- Usa-nos, usa-nos!
E se a ideia ganhar vida? Escreves no papel. E se eu lhe sentir o pulso, a respiração, o perfume? Acrescentas. E a ideia senta-se ao pé de ti e diz-te:
- Usas-me?
Está a crescer. A crescer nessas linhas tortas azuis que desenhas cada vez mais vigorosamente, de língua entalada nos dentes. Nasce vida e saíu-te das mãos. És um deus improvisado e efémero, mas não te importa, porque teve o sabor mais intenso e viciante que alguma vez provaste.

30 de Maio de 2007



4:07 PMwhispered by me

Tuesday, December 04, 2007

{insónias}


Tenho comichões à noite. Comichões na alma. Dou voltas na cama, procurando consolo no sono, que perdeu, novamente, a boleia da brisa lunar. De olhos fechados tento sonhar. Voar, voar alto, e sentir o que este mundo azul não deixa. Eu tento. Em vão. As comichões persistem, torturam-me, lépidas. Espremem de mim todas as memórias que esqueci durante o dia. Gritam, soltam gargalhadas que ecoam nas paredes do cérebro quebrado. "Sophia!, não te esqueças. Sophia!" São maiores do que eu e tenho medo. Anda, sono, anda cá e aconchega-me, sussurro. "Sophia!" E elas gritam e saem pela janela. Encendeiam-me a retina, dançando sem pudor. Seguram-me pelos dedos e sugam-me a comichão. Coçam. Coçam. Coçam e eu sangro. Dor. Maldita dor que me embalas. Passo a noite debatendo-me com as vozes da minha cabeça.
E o sono esqueceu-se de chegar.


10 de Abril de 2007



7:38 AMwhispered by me

{fairy}

alter.ego
tenho uma obsessão pela Lua, pela morte, pela escuridão.
gosto de sorrir, de chorar, de sentir. gosto da chuva, da água, do mar. gosto do frio do inverno, da textura do vento em finais de tarde de verão. gosto de sorvetes de morango e manga e canela e chocolate. gosto dos tons do céu no pôr-do-sol. gosto da areia fria e macia sob os pés. gosto de contar as estrelas. gosto do cheiro do incenso, dos perfumes, dos livros, das revistas acabadas de comprar, da natureza. gosto do caos, do fatalismo, do apocalipse.
gostava de ser transparente para viajar para todo o lado e nenhum em concreto. gostava de poder voar. gostava de mudar o mundo.
acredito em fadas e em bruxas. tenho medo das alturas. tenho medo de não conseguir. tenho medo que não gostem de mim.
detesto o cheiro do sangue, do óleo seco na frigideira, do vomitado. detesto comer e ver desgraças na tv. detesto injustiça injustificada, violadores, pedófilos, hipocrisia, cobardia, abuso da força. detesto o sentimento de inércia, de tédio, de preguiça, de moleza. detesto palavras secas, baças, frias. sou pequena, mas o mundo é ainda mais...



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